Youtubers mirins: de espectadores a criadores

As crianças já não querem apenas ver vídeos no YouTube, elas desejam participar. Com canais próprios, os youtubers mirins compartilham histórias, brincadeiras e sua rotina com milhares de seguidores, como Melissa e Nicole Jakubovic, do Planeta das Gêmeas.

O acesso cada vez mais facilitado das crianças a smartphones e tablets e aos seus recursos vem influenciando a cultura infantil, estimulando a procura por conteúdos digitais e a criação de vídeos por meninos e meninas de até 12 anos. Para se ter uma ideia, o Brasil é o segundo país no mundo com o maior número de visualizações no YouTube. A relevância da rede social e o seu impacto na rotina do público dessa faixa etária levou os pesquisadores da área de Famílias e Tecnologia do ESPM Media Lab a mapear o consumo e a produção de vídeos dos nativos digitais brasileiros. Segundo a coordenadora do estudo “Geração YouTube”, Luciana Corrêa, no primeiro levantamento, feito em 2015, havia 110 canais voltados para crianças, totalizando 20 bilhões de views. “No ano seguinte, o número subiu para 230 canais e 50 bilhões de visualizações”, observa.

Características como criatividade, originalidade e autenticidade na linguagem e na maneira de produzir são fundamentais para conquistar essa geração, que tem nos youtubers teens uma referência para lançar seus próprios canais. Outra particularidade apontada pela pesquisa, conforme Luciana, foram os assuntos que mais despertam o interesse das crianças. Após entrevistas com pais, foram identificadas as sete principais categorias que geram maior procura por vídeos, entre elas a de games, em especial do Minecraft, e a de youtubers mirins.


A categoria de unboxig de brinquedos é uma das mais vistas dos canais de YouTubers Mirins, como da Julia Silva

Entre os canais feitos por e para os nativos digitais, destacam-se conteúdos como brincadeiras, novelinhas, receitas, detalhes do dia a dia, passeios, experiências e unboxing. O unboxing é a prática de filmar enquanto uma caixa é aberta, revelando o que tem lá dentro. No caso das crianças, a maioria dos vídeos é sobre o desempacotamento de brinquedos, mostrando todas as peças e como usá-las. Esse grupo, inclusive, teve um incremento significativo nos inscritos por canal, com um índice de 855% de 2015 para 2016, seguido pelo de youtubers mirins, com 550% e dos de TV, com 175%. Luciana observa também que os três maiores canais de youtubers mirins são feitos por meninas, com idades de 8 a 10 anos. “Elas se apropriaram da linguagem das youtubers teens e conseguem se destacar em seus próprios espaços. Parte desse sucesso se deve ao que é denominado de cultura de pares, ou seja, há identificação das crianças com as criadoras dos canais no YouTube”, ressalta.

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