Acompanhando a expansão do mercado masculino, designers criam móveis e objetos para quem carrega o fator Y na alma
O ano era 2014, e as indústrias já estavam apostando forte no segmento masculino. Os homens, mais vaidosos, ganhavam cosméticos específicos para eles e viam surgir, no lugar das tradicionais barbearias, espaços de beleza próprios que incluíam sala de jogos e bar. Vivenciando essa realidade, os designers Maurício José Scoz, André Leonardo Ramos e Altino Alexandre Cordeiro, colegas na faculdade de Design Industrial da Universidade do Estado de Santa Catarina, decidiram apostar nessa tendência e, há dois anos, fundaram a Ipsilon Design, com sede em Florianópolis. Eles desenvolvem móveis e objetos de decoração com chapas de aço e madeira, baseados no conceito de masculino, tanto pelas formas limpas e rústicas como pela experiência de montagem. A inspiração do trio vem do design automotivo, da estética grunge, da pegada industrial.
“Antes da criação da empresa, constatamos que o mercado de decoração já estava um pouco saturado. Portanto, precisávamos de um nicho para nos diferenciar e focar em um público específico”, conta André. Naquela época, entre 2013 e 2014, uma das maiores tendências era a valorização dos produtos e serviços para os homens. “Com base nisso, decidimos ser pioneiros no segmento de móveis e objetos de decoração para o público masculino”, complementa. Essa expansão vem sendo confirmada por estudos feitos por consultorias como Nielsen e Euromonitor.
A previsão é que o mercado de beleza masculina mantenha o ritmo de crescimento de 7,1% ao ano, o que tornará o Brasil o maior mercado de cuidados pessoais para os homens no mundo até 2019.
A primeira linha lançada pela Ipsilon apresentava cinco produtos: cadeira Alpha, banqueta Bravo e as luminárias Charlie, Echo e Delta. As chapas metálicas são a principal matéria-prima das peças, que são entregues desmontadas, como um diferencial para oferecer essa experiência aos clientes. “Pensamos que o ser humano tem um desejo intrínseco de materializar seus próprios objetos. Além disso, tornamos mais eficiente o armazenamento e o envio, reduzindo consideravelmente os custos”, argumenta André.
O negócio deu tão certo que a Ipsilon logo ganhou o mercado e importantes premiações do setor, como o segundo lugar da categoria Iluminação, com a luminária Charlie, e Menção Honrosa dentre os Móveis com a cadeira Alpha, no 28º Prêmio Design Museu da Casa Brasileira, a maior honraria do setor no país. Apesar do conceito masculino, muitas mulheres identificam-se com essa estética e estão se tornando um público cativo da empresa. “Acreditamos que esse gosto é independente de gênero e orientação sexual. Tomamos muito cuidado para que esse conceito não seja confundido com misoginia ou homofobia. Na nossa página do Facebook, a maioria das curtidas é de mulheres”, reforça André.
Jornalista: Letícia Wilson
Fotos: Ipsilon Design / divulgação
Nex Day – 22ª edição